apenas idéias_
MEMORIAL CONCURSO PARQUE TANCREDO NEVES-ES
A cidade é hoje um diagrama de forças.
Invade, empurra, redireciona, agrega... aterra
O terreno em questão é um corpo
Atravessado, reage
Artifício da intervenção, nasce da ação do homem
Projetar, mais do que artifício, é uma ação
Que se manifesta pela intervenção
Traçar uma linha é a busca pela descoberta
Busca romper paradigmas, a lógica do eixo único
Quebrando a visão determinística do lugar criado simplesmente pelo arquiteto
O projeto ambiciona liberdade
A livre apropriação
A multiplicidade se manifesta no encontro com o outro
Na criação de subjetividades
No encontro com o lugar
Lançamos mão dos eixos bidimensionais
Propomos alçar um vôo
Movimentar o tectônico
Criar topografia
Conflitar o natural com o construído
A idéia é uma performance
Como se pegássemos uma escada e subíssemos
Redescobrindo o encoberto, o obstruído
A idéia é uma ação
Propomos uma visão do todo...
Panóptica... Não no sentido de controle, mas de vislumbrar o heterotópico que se manifesta na paisagem
Nos mares e morros do lugar
A sucessão de seções topográficas acena para vislumbrar o todo e acolher o indivíduo
Um dispositivo de descoberta e subjetivação
Os morros emprestam sombra e acomodam os que querem olhar o pôr-do-sol
Permite o evento enquanto arquibancada e acesso às partes mais elevadas do programa
Uma hierarquia sutil que eleva e envolve os usos e evita, na medida do possível, barreiras e limites materializados em cercas e muros
Rompe o limite entre a terra e a água
Subtrai da margem
Adiciona a água
Re-relaciona terra com terra
Torna um só elemento água
Decompõe o significado de margem e a linha determinadora de distâncias e limites
Projetamos como peles
A existente mais a pele natural
Adicionamos superfícies, conectores e pontos de conexão
Re-comunicando e re-significando o território
Interpolando possibilidades de ações,
distribuindo os usos pelo sítio.
Um mosaico de situações, observadas no local e levadas à potência. A compreensão do território de um parque que fora a plataforma da coletividade e agora se expressa em resquícios de atitudes de lazer, não se trata de um espaço estéril, mas simplesmente desprovido de gentileza para com os que ainda por lá transitam. Um terreno vago, um terreno da cidade. Um terreno amplo que despojamos equipamentos de esporte, lazer, ócio, cultura. Nunca implementados em bolsões únicos funcionalmente, Criamos pontos de tensão e convidamos para o passeio. Não o caminhar preguiçoso, ao rés do chão. Dotamos de turbulência a topografia. Novos pontos cotados surgem positiva e negativamente. Num embate de esforços invisíveis que dialogam e sem complementam. Criam contraposição. Surgem “morrinhos” de brincar para as crianças. Numa tentativa de tirar a mesmice das infâncias da cidade. Espaços para pular, subir, rolar no gramado. Vislumbrar o além do local. O que está fora dialogando, mar e montanhas, cidade ao outro lado. Ponte, Passarela que se chega sobre a rodovia. Chega-se pelo alto e se vislumbra o conjunto. Uma tela divulga os acontecimentos do parque e da cidade aos que chegam a Vitória pela Segunda Ponte. Os conjuntos edificados não determinam barreiras. Se pode subir pelas coberturas. Calotas de concreto seccionadas para se entrar. Casca que chão que perfaz o ginásio. Conclui-se em sombra e abrigo. Uma quadra artificial se posiciona sobre o ginásio. É artificial, portanto artifício se faz. O campo de areia que dialoga com a praia artificial que recebe os banhistas da região. Escassez de praias e balneários em Vitória, por que não se construir uma. As rampas acomodam o acontecimento espontâneo. Um espetáculo ao ar livre ou o ensaio da escola de samba do bairro. O parque é ao mesmo tempo passarela e apoteose. Num colorir proporcionado pela vegetação implementada além da existente. Ipês amarelos e rosas por exemplo. Pitangueiras e araçás adoçam o paladar de pássaros e usuários. Tenta-se trabalhar cada recanto. A piscina que mergulha no mar se fazendo uma só. O prédio da garage de barcos que toca e avança sobre a água. Todo o contexto está posto e ligado por links que se delineiam através da luz - luminárias lineares de perfil “I” com lâmpadas fluorescentes e sua alma - e sugerem conexões possíveis entre lugares e usos. O ponto é um prisma. Uma volumetria simples dos módulos de uso múltiplo. Que quando abertos desvelam variações formais de seu cerne. Múltiploe apropriado para vendedores ambulantes, guaritas, banca de revistas, enfim, é mutante a qualquer uso que se demandar. Esse projeto na verdade é um exercício de nossas afecções, um desejo para se encontrar num lugar.
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