quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

SOBRE AS BIENAIS DE ARQUITETURA DE SÃO PAULO

Talvez fosse interessante nas próximas Bienais segmentar – nas edições de concursos sobre uma temática [em categorias de PROJETO e OBRA] – em ARQUITETURA uma categoria e URBANISMO outra, posto que exista ao meu ver um nível de abordagem e escala que não se aplica à proposição temática das Bienais. Vejo também a enorme quantidade de menções honrosas aplicadas que constatam a “diversidade” e não “encaixamento” da avaliação dos “objetos aos temas”.


Tal constatação se verifica desde que visitei as primeiras Bienais como estudante, agora profissionalmente e outrora como participante da equipe que recebeu menção honrosa pela UFES no Concurso de Escolas na 6º BIA com o Projeto Neogênese, no qual o tema Utopia foi tratado como uma possibilidade até mesmo para justificar a arquitetura do espetáculo.
Visões de mundo distintas, talvez ainda continue reticente ao tratar a arquitetura e a cidade como manifesto do puro objeto plástico e tecnológico.


Falta-nos talvez incorporar, como outras Bienais, um segmento de Concurso por Cidades no qual, por exemplo, Bogotá foi vencedora da Bienal de Veneza por suas políticas de incentivo à mobilidade urbana e espacialização público-coletiva.


Fica para o pensamento e debate das próximas edições da Bienal o motivo pelo qual a Bienal de Arquitetura de São Paulo tem sofrido pelo esvaziamento de trabalhos e público…
Acho que falta condizer a sua proposta conceitual com os anseios da sociedade, extrapolando a condição de produção da unidade habitacional burguesa como máquina da verdade de nossa condição profissional… Falta-nos extrapolar a galeria como único espaço que se manifesta a obra (ao contrário de outras Bienais e campos artísticos que intervêm no espaço da cidade para que haja o rebatimento público-obra).


Talvez tal amedrontamento esteja no fato de que ainda sejamos de certo modo uma profissão que se manifesta em revistas e galerias, longe dos cidadãos e “males” da cidade que temos que enfrentar.

Karlos Rupf, arquiteto urbanista pela Universidade Federal do Espírito Santo, residente entre Espírito Santo e São Paulo.

Comment por Karlos Rupf Quarta-feira, Dezembro 23, 2009 @ 6:31 am

Só para complementar o raciocínio, acho também que falta para o Concurso Temático da Bienal a separação dos trabalhos feitos após o debruçamento sobre o tema proposto e os trabalhos advindos e “encaixados” na temática dos escritórios. Para isso existem as seções de exposição da Bienal de PROJETOS INSTITUCIONAIS e, dever-se-ia criar a de Projetos Particulares, concorrendo assim que estiver disposto a “investir” seu tempo no Concurso da Bienal, sendo que já existem as Premiações Anuais dos IAB’s e que também se verifica a recorrência dos mesmos trabalhos expostos nas bienais e sabe-se lá onde.

karlos rupf
arquiteto-urbanista

Comment por Karlos Rupf Quarta-feira, Dezembro 23, 2009 @ 6:44 am